Fugir do espelho quando estamos acima do peso é normal. Nesses últimos dias reencontrei o prazer de me olhar. Foi um passeio rápido, para fiscalizar o que está acontecendo com o meu corpo. As mudanças, ainda sutis, podem ser reparadas por aqueles que não convivem diretamente comigo. É a velha calça que já ouso em colocá-la, mesmo que apertada, um sapato que fica mais folgado (sim, eu engordo tudo, inclusive as partes mais inusitadas, como os pés), e até mesmo o rosto, que denuncia o esforço. Nessa descoberta do espelho, em uma conversa privada, claro, que ainda as reuniões são com portas fechadas, tímidas, como se eu ainda estivesse reconhecendo a área, percebi que nesse caminho algumas lutas são desleais: Pizza X salada verde, Rizotos X legumes refogados. Notei que em cada parte do meu corpo, alguma marca das comilanças foram deixadas. Que tipo de marcas são essas? as que realmente quero que fiquem? recebi uma resposta do outro lado do espelho, um sonoro NÃO. Agora percebo como é difícil para nós mulheres tomarmos a decisão de emagrecer. Buscamos em uma luta insensata o inexorável, sentir o mesmo gosto/prazer de um fondue de chocolate completo em um suculento pedaço de carne com salada verde. Identifiquei nesse pensamento o impossível. Estive, durante 30 anos, pois faço dieta desde os 5, buscando o sabor errado. Parece óbvio, mas não é. Não queremos abrir mão do sabor do molho branco em detrimento do vinagrete, pois o desconhecido pode não ser tão bom. No espelho, olhando dentro dos meus próprios olhos, vi que a jornada está apenas começando. Buscar novos sabores, novos paladares, reconhecer outras áreas, como por exemplo a feira do bairro, estão sendo libertadores. Um universo paralelo que não conhecia. Se é bom eu ainda não sei. Outro dia, por 30 segundos quase virei vegetariana, tal a maravilha das cores, dos sabores e das pessoas que encontrei. Durou pouco, porém sei que é algo novo que pode ser adaptado, está ali. Dentro disso, a viagem pelo espelho ainda está no começo.As marcas da gordura já estão indo embora, devagar, como deve ser o processo. Estão sendo substituídas por panturrilhas um pouco mais duras, da corrida, nova grande descoberta. Contudo, não busco o mesmo sabor em coisas diferentes. Busco o gosto real de cada nova comida, cada novo prato, cada desafio. Ainda não sei se gosto, é recente. Um coisa é certa, dois objetos não podem ocupar o mesmo lugar. O sabor é diferente em cada nova receita. Abaixo as discussões desenfreadas entre comer ou não um pizza gigante. Não é a palavra de ordem. Sim para o Personal Noiva, sim para o movimento, sim para comidas saudáveis...SIM para a vida. Essa é a grande descoberta!
Até o próximo post,
Flavia
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